Reportagem de Daiane Vivatti e Amanda Lima
Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais brasileiras, líderes de nações europeias publicaram mensagens de felicitação por meio das redes sociais. Lula foi eleito com 60,9 milhões de votos (50,9%) e vai assumir o cargo pela terceira vez após vencer o atual presidente, Jair Bolsonaro. Na Europa, o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), venceu em 35 das 36 cidades fazendo uma votação menor que Bolsonaro somente em Atenas, na Grécia, assim como ocorreu no 1º turno.
Ainda na madrugada desta segunda-feira (31), quando já passava da meia noite na Espanha, o presidente Pedro Sánchez felicitou Lula: “Parabéns, Lula, pela vitória nesta eleição na que o Brasil decidiu torcer pelo progresso e a esperança”, escreveu. O espanhol destacou ainda que irá trabalhar em conjunto com o presidente eleito “pela justiça social, a igualdade e contra as mudanças climáticas”.
Logo em seguida foi a vez do primeiro-ministro português, António Costa, que destacou ter felicitado lula “calorosamente”: “Encaro com grande entusiasmo o nosso trabalho conjunto nos próximos anos, em prol de Portugal e do Brasil, mas também em torno das grandes causas globais”, disse Costa.
A mensagem de Emmanuel Macron também focou na união entre os dois países. Em francês e português, o presidente da França chamou este de “um novo capítulo da história do Brasil”: “Juntos, vamos unir nossas forças para enfrentar os muitos desafios comuns e renovar o vínculo de amizade entre nossos dois países”, pontuou Macron.
Nesta manhã (31), foi a vez de Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, parabenizar o candidato eleito: “Parabéns, Lula em sua eleição como Presidente do Brasil. Estou ansiosa para trabalhar com você para enfrentar os desafios globais urgentes, desde a segurança alimentar até o comércio e as mudanças climáticas”, ressaltou Ursula.
No mesmo sentido, o chanceler alemão, Olaf Scholz, parabenizou Lula pela reeleição, citando possíveis acordos: “Parabéns Lula por sua eleição! Aguardo com expectativa uma cooperação estreita e confiável com o Brasil – em particular nas questões de comércio e de proteção climática”, pontuou Scholz. Uma das expectativas é que, com o novo presidente, possa ocorrer um avanço no acordo com o Mercosul, que está em entrave com questões ambientais exigidas pelos líderes europeus.
Outros chefes de Estado também se manifestaram saudando Lula pela vitória, como o presidente da Irlanda, Michael D. Higgins, que escreveu uma carta convidando o presidente eleito a visitar a Irlanda. Michael também relembrou da contribuição dos profissionais de saúde brasileiros que moram na Irlanda e atuaram na pandemia de Covid-19.
Número de abstenções no 2º turno é 0,15% maior na Europa
Neste dia 30 de outubro, o número de eleitores que deixou de votar foi ligeiramente menor do que no primeiro turno. Votaram 129.352 cidadãos, enquanto na primeira rodada de votos compareceram às urnas 129.967. A cidade com maior abstenção Milão, na Itália, com índice de 68,47%.
Para o cientista político Antônio Lavareda, vários fatores influenciam que o eleitor na Europa decida não sair de casa para votar. Ao Agora Europa, o especialista citou que a necessidade de percorrer dezenas ou centenas de quilômetros para chegar ao local de votação pode ser um fator essencial para que o eleitor não compareça às urnas.
Por outro lado, o especialista analisa que, o aumento de eleitores inscritos na Europa, de aproximadamente 70%, demonstra o interesse dos brasileiros nos rumos da política brasileira. Para ele, também é importante que as campanhas políticas deem atenção ao eleitorado que mora fora do Brasil: “Mesmo que seja um número muito menor de eleitores, em pleitos com uma diferença tão curta, todos os votos fazem a diferença”, analisa Lavareda.
Domingo de eleições na Europa
Depois de um 1º turno marcado por longas filas e horas de espera para os eleitores votarem, como em Portugal, na Irlanda e na França, o 2º turno teve mudanças em alguns locais para garantir um andamento mais rápido na votação. Em Lisboa, maior colégio eleitoral fora do Brasil, e onde foi implementado um novo sistema com fila prioritária, o maior movimento de eleitores ocorreu no período da manhã.
De acordo com a equipe eleitoral, cerca de 16,5 mil eleitores votaram até às 14h na Universidade de Lisboa, único local de votação na capital portuguesa. O tempo médio de espera para chegar às seções foi de 1h a 1h30min. Segundo o cônsul Wladimir Waller Filho, que é o juiz eleitoral do pleito, não foram registradas ocorrências policiais. Em relação às urnas, apenas um aparelho foi substituído. O colégio eleitoral recebeu cinco urnas extras para substituição, caso fosse necessário. Dessa vez, a votação foi encerrada às 17h, enquanto no 1º turno, o horário teve que ser estendido até às 20h.
Situação semelhante foi registrada na Irlanda, onde houve troca do local de votação de uma escola, localizada no centro da capital irlandesa, para o estádio Croke Park. Dublin registrou maior crescimento no número de eleitores brasileiros na Europa, com 2,1 mil em 2018 e 11,9 mil em 2022. No dia 2 de outubro, o tempo de espera nas filas ultrapassou 3h30 para eleitores que chegaram no período da tarde. Já nesse domingo (30), o maior movimento ocorreu pela manhã.
Além da mudança no ponto de votação, a Embaixada do Brasil em Dublin implementou um sistema de referências por cores, separando os eleitores em filas de acordo com a seção eleitoral. Com a nova organização, o tempo de espera para votar caiu para menos de 2h, dependendo da quantidade de eleitores aguardando para acessar a urna. O fechamento das seções, dessa vez, ocorreu no horário previsto, às 17h em horário local.
Justificativa do voto
Os eleitores que não votaram devem justificar a ausência pelo e-Título, através do Sistema Justifica, ou encaminhar o formulário Requerimento de Justificativa Eleitoral (RJE pós-eleição) e a documentação comprobatória da impossibilidade de comparecimento ao pleito diretamente à zona eleitoral de sua inscrição, por meio dos serviços de postagens, ou repartições consulares. O prazo é de até 60 (sessenta) dias após cada turno ou, para quem está inscrito no Brasil, no período de 30 (trinta) dias contados da data do retorno ao país.
A justificativa é válida somente para o turno ao qual o eleitor não compareceu por estar fora de seu domicílio eleitoral. Assim, quem deixar de votar no primeiro e no segundo turno da eleição, precisa justificar as duas ausências separadamente. Cada ausência gera um débito com a Justiça Eleitoral, o que pode levar ao cancelamento do título e outras restrições, incluindo a impossibilidade de renovação do passaporte.