Eleição na França: coligação de Macron não alcança maioria absoluta


Nenhum partido eleitoral conseguiu o número suficiente de cadeiras para ter a maioria absoluta na Assembleia Nacional da França. A nova coligação “Ensemble” (juntos, em tradução literal), do presidente Emmanuel Macron, é composta por três partidos e terá a maior bancada do Parlamento, mas não conseguiu metade dos assentos. Os resultados oficiais da eleição foram divulgados nesta segunda-feira (20).

A coalizão centrista elegeu 245 deputados e deputadas, 44 a menos do que o necessário para comandar o parlamento. Uma nova coligação de esquerda, liderada pelo candidato à presidência Jean-Luc Mélenchon, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial, elegeu a segunda maior bancada com 131 votos. A coalizão é chamada de Nova união ecológica e social popular (Nupes, sigla em francês) e integra cinco partidos.

Já os Republicanos, que tinham 92 cadeiras e ocupavam segundo lugar na assembleia, conquistaram somente 61 neste pleito. Por outro lado, o partido de extrema-direita Rassemblement National (Reagrupamento Nacional, em tradução literal) subiu de oito para 89 deputados. O partido é liderado por Marine Le Pen, candidata derrotada nas eleições presidenciais de abril na disputa com Macron.

Conforme as regras da Assembleia Nacional, quando um partido tem mais 15 deputados eleitos, consegue formar um “grupo parlamentar”. Com isso, possui direito a participar de comissões e da conferência dos presidentes, além de possuir mais tempo para os debates. Como o partido conseguiu ampliar o número de cadeiras, Le Pen já adiantou, nesta segunda-feira (20), que o partido vai reivindicar a vice-presidência da casa e a presidência da comissão de finanças.

“Risco para o nosso país”

A atual primeira-ministra, Elisabeth Borne, demonstrou preocupação com o resultado. “[A composição da Assembleia Nacional] constitui um risco para o nosso país face aos desafios que temos pela frente, tanto a nível nacional como internacional”, disse Elisabeth. Em declaração na noite de domingo (19), logo após o resultado preliminar, a líder francesa afirmou que o trabalho para “construir a maioria das ações” já estava agendado para esta segunda-feira (20).

“As múltiplas sensibilidades terão que ser associadas e os compromissos certos construídos para atuar ao serviço da França. Os franceses estão nos chamando para nos unirmos pelo país”, apontou Elisabeth, mas sem adiantar com quais partidos o governo vai buscar alianças. Sem maioria absoluta, o presidente Emmanuel Macron, recém reeleito para um mandato de cinco anos, vai precisar de apoio de outros partidos para aprovação de projetos.

A primeira-ministra já indicou que são necessárias “reformas”, citando também “medidas fortes e concretas para o poder de compra” e propostas na área de segurança para “continuar protegendo o povo”. Até agora, Macron não se pronunciou sobre o resultado da eleição.

O pleito foi realizado em dois turnos, nos dias 12 e 19 de julho. A abstenção na última rodada de votação foi de 53,77%. O voto na França não é obrigatório e apenas cidadãos franceses (nascidos no território ou com cidadania) podem votar.

Neste pleito, os franceses elegeram 362 homens e 215 mulheres. A idade média dos novos legisladores é de 49 anos. O resultado completo pode ser conferido aqui. A tomada de posse dos 577 novos deputados e deputadas será nesta quarta-feira (22). A primeira sessão da nova legislatura está marcada para o dia 28 de junho.

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