Madri: 11ª edição do Tapapiés reúne cozinhas de cinco continentes até o dia 28

“Tapear” na Espanha é um hábito tão enraizado dos espanhóis que nem mesmo a pandemia conseguiu mudar. Ir de bar em bar degustando pequenas porções de alimentos acompanhados de uma bebida, quase sempre cerveja ou vinho, é um dos prazeres gastronômicos mais desfrutados por moradores e visitantes. Por isso, há 11 anos acontece, em Madri, o Tapapiés, um festival de tapas que pode ser degustado em mais de 100 bares, restaurantes e nos mercados públicos San Fernando e Antón Martín, do bairro de Lavapiés.  Por isso, o nome do festival, que é a soma de Tapa + Piés (de Lavapiés). Neste ano, ele voltou  para as ruas e oferece, até o dia 28 deste mês, aperitivos exclusivos que fusionam as cozinhas de cinco continentes.

Cada tapa vale 2,50 euro e dá direito a uma refeição e uma cerveja. Tem das mais tradicionais, feitas a base de alimentos típicos da Espanha, como tortilha de batata, chouriço e pimentão verde, até as mais apimentadas, de países como Índia, Paquistão e Bangladesh. A variedade de opções é tão grande, que durante esta década de realização, as tapas chegaram a ganhar versões vegetariana, vegana e até sem glúten.

A presidente da Associação de Comerciantes de Lavapiés, María Esteban,  comemorou o retorno do público ao interior dos bares depois de dois anos de pandemia e restrições. “Alguns dos nossos bares mais históricos estiveram a ponto de fechar para sempre com a pandemia, porque não ofereciam mesas ao ar livre. Este ano celebramos nosso autêntico décimo aniversário do Festival e a essência dos bares e tabernas do bairro de Lavapiés”, disse ela.

Além de María, mais gente comemora a realização do festival, anualmente. É o caso do espanhol Antônio Alvarez que não perde nenhuma edição. “Chego a comer no Tapapiés durante os dez dias de realização. Cada noite provo uma nova especialidade ou repito os locais que já conheço. É meu ponto de encontro e diversão com os amigos”, afirma Alvarez.  Ele mora no bairro de Lavapiés há mais de 20 anos e viu nascer o mais famoso festival da região.

Quem também está feliz com a volta do Tapapiés pelas ruas do bairro são os proprietários dos bares e restaurantes. “O faturamento dobra durante os dias de realização, chega a ser de 30 a 40% maior do que outros períodos do ano”, conta Denis Edwin, gerente do bar “La Funda Mental”. “Chegamos a vender cerca de 10 mil tapas a cada edição e muitos clientes repetem duas, três vezes. Durante todo o dia temos movimento e o público vai dos 18 aos 50 anos”, complementa ele. Outro que está satisfeito com o Tapapiés é o proprietário paquistanês Asghar, que vive em Lavapiés há mais de 21 anos. Com o espanhol ainda arranhado, ele comemora os ganhos com o festival. ” O público busca comidas diferentes, com sabores que picam”, diz ele, sorridente.

Cada tapa servida é avaliada pelo público que a saborea. Durante os dias de realização do Tapapiés, as pessoas tem a oportunidade de votar nas três que mais gostaram e os proprietários dos estabelecimentos apresentam aos organizadores do evento, a relação dos aperitivos mais vendidos. A votação acontece no site oficial do evento que também oferece um mapa da rota de tapas pelo bairro.

A tapa vencedora recebe um troféu da Associação de Comerciantes de Lavapiés e os votantes concorrem a seis vales de 50 euros para comprar nos estabelecimentos associados do festival.  Eles podem ser usados até 31 de janeiro de 2022. Também é escolhida a tapa que mais combina com a cerveja patrocinadora do evento.

Outras atrações do Tapapiés

Durante os fins de semana do evento, o público também pode conferir apresentações musicais na rua, ao som de tambores de outras culturas.  As batucadas de ritmos como  funk, maracatú, afro e latino dos grupos Tacúmbala, Tumbatá e  Sambabúm  podem ser ouvidas em toda a rota das tapas, ao meio dia e a meia noite.  Os músicos são um show à parte, animam o público e conquistam novos frequentadores.

Por que acontece no bairro de Lavapiés?

Um festival tão cosmopolita só poderia ser realizado no bairro que reúne 90 nacionalidades, segundo o Instituto de Estatística da Comunidade de Madri. Esse bairro madrilenho que concentra tantas culturas tem estampado em suas ruas as manifestações artísticas dos que fazem a história do local.  É tradicional e boêmio ao mesmo tempo e conhecido pela riqueza gastronômica e cultural. Até os caixas eletrônicos oferecem serviços bancários em mais de 20 idiomas.

O bairro chegou a ficar classificado na 21º posição como o mais cool do mundo pela Revista TimeOut em 2020. Foi o único local de Madri na relação da revista especializada e aparece na lista não só por ser multicultural, mas também pelo traço solidário, com destaque para as diferentes associações de imigrantes que abriga. A região do centro da capital espanhola é, realmente, a mais multicultural e inclusiva de Madri.

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