Espanha: 6 em cada 10 trabalhadores querem manter trabalho remoto após a pandemia

A maioria dos entrevistados prefere combinar trabalho presencial com remoto. Foto: Canva

O trabalho remoto, ampliado durante a pandemia do coronavírus, transformou, mundialmente, o mercado de trabalho. A realidade inicialmente desconhecida, hoje, ganha a preferência de inúmeras pessoas. Essa é a conclusão do estudo “Resetting Normal: redefinindo a nova era do trabalho” (em tradução livre) publicado, nesta semana, pelo Grupo Adecco. Segundo a pesquisa, seis (59%) em cada 10 trabalhadores espanhóis preferem seguir atuando de forma remota. O país contou com mil entrevistados. A mesma pesquisa mostra que, globalmente, 53% dos trabalhadores preferem a atividade híbrida, que concilia teletrabalho e presencial.

Este é o segundo ano consecutivo em que a pesquisa é aplicada. Desta vez, foram entrevistados 14,8 mil trabalhadores de 25 países, incluindo a Espanha, entre maio e junho deste ano. A pesquisa inicial, aplicada em maio de 2020, havia contado com a opinião de 8 mil profissionais de oito países. Muitos dos resultados apontados em 2020 foram confirmados em 2021. Na Espanha, por exemplo, para 80% dos funcionários, o trabalho à distância não levou à perda de produtividade; ao contrário, melhorou o rendimento e impulsionou novas conquistas.

De acordo com Íker Barricat, diretor geral da Adecco España, a transformação do mercado de trabalho veio pra ficar. “Cada vez é mais evidente que não voltaremos ao escritório físico da mesma maneira que conhecíamos e que o futuro do trabalho é flexível. A pandemia acelerou as tendências existentes a tal ponto que não podem mais ser ignoradas e o futuro depende da adaptação das pessoas a elas”. Para o diretor, “cada vez é mais necessário um novo estilo de liderança, que garanta a convivência bem-sucedida entre os diferentes modelos que irão coexistir”.

Redução da jornada de trabalho

Os profissionais entrevistados pela Resetting Normal reclamam uma redução da jornada de trabalho. Do total, 70% deles trabalham mais de 40 horas por semana e 60% afirmam que poderiam desenvolver as mesmas atividades em menos tempo.  Além disso, a maioria gostaria de ser avaliada pelos resultados que atinge e não pelas horas que dedica para alcançar os objetivos traçados.  

Outro ponto em destaque da pesquisa é a manutenção da flexibilidade e da autonomia sobre os próprios horários de trabalho. Sessenta por cento dos espanhóis questionados, que puderam exercer suas atividades de forma remota, tiveram liberdade para decidir o horário da jornada e 80% espera poder seguir assim, em um futuro próximo.

Quanto à estrutura para trabalhar, diferente da adotada nos escritórios formais, 71% dos ouvidos pela pesquisa garantem que já tem um ótimo espaço de trabalho em casa e uma configuração adequada para desenvolver as atividades com rapidez e eficácia.

Os trabalhadores também foram questionados sobre a manutenção do teletrabalho, mesmo com a possibilidade de voltar ao escritório ou à empresa. Cinquenta por cento deles é pessimista e não tem certeza de que as organizações seguirão adotando este modelo. Na Espanha, a maioria (75%) acredita que o teletrabalho oferece oportunidades para criar uma força de trabalho mais diversificada e inclusiva e favorece o emprego de pessoas com deficiência.

Líderes emocionalmente inteligentes

Na mesma pesquisa desenvolvida no ano passado, 80% dos entrevistados disseram querer maior flexibilidade, tanto na maneira de realizar as funções como no lugar onde deviam realizá-las. Segundo eles, estar na empresa, todos os dias, para mostrar produtividade, hoje já não tem mais o mesmo peso. Sem horários fixos, a produtividade pode ser medida pelos resultados e não mais pelas horas trabalhadas.

Contar com líderes empáticos que gerem confiança, sejam inovadores e construam uma cultura empresarial positiva é o que mais buscavam os empregados entrevistados pelo Grupo Adecco, em 2020. Entre os aspectos mais valorizados de seus líderes estavam: equilíbrio entre vida profissional e pessoal, confiança, segurança no trabalho, horários flexíveis, e tempo para cuidar do bem-estar e saúde física.

O estudo concluiu ainda que o teletrabalho favoreceu os funcionários a melhorar suas habilidades digitais. A maioria quis continuar estudando sobre as novas plataformas e mostrou estar interessado em mudar de área para desenvolver ainda mais as competências digitais. O teletrabalho, ainda segundo a pesquisa, também fez com que muitos profissionais voltassem a exigir das empresas novos treinamentos e cursos para aprimorar a gestão de equipes remotas, o desenvolvimento de soft skills e a utilização de sistemas e plataformas corporativas online.

Para Íker Barricat, o resultado final da pesquisa não foi uma surpresa. “Agora é a hora de equipar líderes e trabalhadores com as competências e capacidades que necessitam para reavivar a motivação e construir uma cultura empresarial coesa”, concluiu o diretor.

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