Comissão Europeia dá primeiro passo para aprovar candidatura da Ucrânia à UE

Ursula utilizou uma roupa com as cores da bandeira ucraniana para fazer o anúncio. Foto: Comissão Europeia/Divulgação


O primeiro passo para que a Ucrânia se torne membro da União Europeia (UE) foi anunciado na manhã desta sexta-feira (17), pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Vestindo as cores da bandeira ucraniana, a líder do bloco recomendou que “a Ucrânia tenha a perspectiva de se tornar membro da União Europeia”.

Agora, o país invadido pela Rússia em fevereiro deste ano é oficialmente um candidato para aderir à UE e a decisão final cabe aos atuais Estados-Membros. O mesmo status foi concedido à Geórgia e Moldávia. A aprovação levou em consideração três critérios: políticos, econômicos e a capacidade de cada um dos países de assumir as obrigações para a adesão ao bloco europeu.

A comissão avaliou que a Ucrânia “está bem avançada em alcançar a estabilidade das instituições que garantem a democracia, o estado de direito, os direitos humanos e o respeito e proteção das minorias”. Os líderes ainda destacaram que o país demonstra “uma notável resiliência com a estabilidade macroeconômica e financeira”. Ao mesmo tempo, foi pontuada a condição de que o governo precisa “continuar com reformas estruturais ambiciosas”. 

Avaliações semelhantes foram anunciadas para a Geórgia e Moldávia, que apresentaram os pedidos de adesão no início de março. Por estar sob invasão russa, as atenções voltam-se à Ucrânia neste momento: “Os ucranianos estão prontos para morrer pela perspectiva europeia. Queremos que vivam conosco o sonho europeu”, escreveu Ursula. 

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que o primeiro passo representa uma “aproximação à vitória” e agradeceu à presidente Ursula e aos demais membros do bloco. O anúncio do parecer favorável ocorre um dia após a visita de três líderes europeus em Kiev.

O presidente francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro italiano, Mário Draghi, visitaram a capital ucraniana e se reuniram com Zelensky nessa quinta-feira (16). O trio já havia adiantado que daria apoio para que a Ucrânia avançasse no processo para ser membro da UE. 

Os próximos passos estão nas mãos dos atuais Estados-Membros, que precisam aprovar os pedidos por unanimidade. Ainda não há uma estimativa de prazo para a conclusão de todas as etapas do processo para que os três países se tornem parte da União Europeia.

O comissário de Vizinhança e Alargamento, Olivér Várhelyi, destacou que a recomendação foi realizada em tempo recorde e, agora, espera agilidade dos países na tomada de decisão: “Esperamos que os Estados-Membros tomem as decisões nos próximos dias, mas nossos países parceiros [Ucrânia, Moldávia e Geórgia] já devem começar a trabalhar para cumprir do seu lado as principais reformas descritas em nossa recomendação”, reforçou Olivér. Nos dias 23 e 24 de junho, durante a reunião do Conselho Europeu, o assunto voltará a ser debatido.

Pedido em meio à guerra

A invasão da Rússia ao território ucraniano tem provocado mudanças no cenário geopolítico da Europa. A Ucrânia apresentou a solicitação para aderir à União Europeia no dia 28 de fevereiro, quatro dias após o início da guerra. Desde então, a UE e os líderes europeus têm apoiado o país com envio de alimentos, ajuda humanitária e armas.

Segundo o último balanço da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no dia 15 de junho, a guerra já matou aproximadamente 4,4 mil civis e deixou 5,5 mil feridos. O documento menciona, ainda, que é possível que os números sejam maiores.

No momento, as tropas russas estão concentradas no leste ucraniano e o país contabiliza a destruição de prédios civis, escolas e hospitais, além de danos nas redes elétricas, de gás e água. Em Mariupol, uma das cidades mais atingidas, 90% dos prédios residenciais foram destruídos ou danificados, segundo um levantamento da ONU. A organização estima que 350 mil moradores tiveram que deixar a região.

A alta comissária de direitos humanos da ONU, Michele Bachelet, destacou que, desde o início de março, cerca de dois mil soldados ucranianos foram levados de Mariupol como prisioneiros de guerra. Os números foram apresentados durante a 50ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, nessa quinta-feira (16), em Genebra.

O conflito na Ucrânia também evidenciou a atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no continente, que está prestando assistência militar ao governo ucraniano para combater os russos. depois do início da guerra, a Otan recebeu pedidos da Finlândia e Suécia para aderir ao tratado militar. A solicitação está sendo analisada pela direção da organização.

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