Diploma de curso superior perde influência sobre salários de jovens em Portugal

A inclusão de um curso superior no currículo tem cada vez menos influência sobre o salário dos jovens trabalhadores do território luso. Essa é a constatação do estudo “Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal”, divulgado nesta quinta-feira (15) pela Fundação José Neves. Há 12 anos, a diferença média na remuneração de jovens diplomados era 50% superior em relação aos que haviam concluído apenas o ensino secundário. No ano passado, esse índice foi o mais baixo da série histórica, ficando em 27%.

Em números absolutos, um jovem diplomado ganhava, em média, € 1.570 euros mensalmente em 2011, enquanto aquele que possuía apenas o ensino secundário recebia aproximadamente € 920. Essa diferença caiu para € 1.359 e € 918, respectivamente. Cabe ressaltar que, diferentemente do Brasil, onde o ensino secundário é compreendido entre o sexto ano do Fundamental e o terceiro ano do Ensino Médio, em Portugal essa etapa corresponde à etapa posterior ao ensino básico que, de modo geral, corresponde ao ensino de jovens de 15 a 18 anos.

Já no que diz respeito ao salário médio no país como um todo, o estudo conclui que entre 2021 e 2022 o aumento não foi suficiente para cobrir a inflação. Com isso, registou-se perda no poder de compra: “Em 2022, apesar do aumento do salário nominal em 3,6%, o salário real caiu 4%”, destaca a Fundação José Neves.

Trabalhadores com poucas habilidades digitais

O panorama elaborado pelo estudo da Fundação José Neves também expõe as debilidades do país quando o assunto é habilidades digitais no ambiente de trabalho português. De acordo com a pesquisa, quatro de cada dez trabalhadores do país “estão em empregos em que, ou não utilizam tecnologias digitais, ou fazem uma utilização muito básica das mesmas e 48% das empresas têm um nível de digitalização baixo”.

Em contraste a essa realidade, Portugal vê também crescer o interesse dos jovens pelas formações na área de Tecnologia da Informação (TI). De 2014 a 2022, o número de vagas preenchidas no setor de TI cresceu 5 vezes mais do que a média geral de empregos. O índice demonstra um aumento da informatização da mão de obra no mercado de trabalho português. Por outro lado, diz a Fundação, “é preciso acelerar para aumentos anuais de 10% até 2030 para atingir a meta estabelecida pela União Europeia”.

O bloco europeu espera que, até o final desta década, os Estados-Membros consigam garantir que pelo menos 80% da população possua conhecimentos digitais básicos. A União Europeia quer contar com ao menos 20 milhões de especialistas em TI distribuídos entre os 27 países do bloco até 2030. As metas fazem parte do programa Metas Digitais, que define objetivos para a informatização das atividades laborais no continente até o final desta década.

Idade dos professores preocupa Portugal

Em paralelo aos desafios de desenvolver mais capacidades digitais, especialmente entre os jovens que ingressam no mercado de trabalho de Portugal, está também a renovação dos educadores no país. O estudo apresentado hoje (15) reforça que o território luso conta atualmente com o corpo docente mais envelhecido dentre os 27 países da União Europeia.

“O envelhecimento do corpo docente português torna-se evidente pelo facto de os professores portugueses terem, em média, 50 anos, um valor que não difere muito entre os diferentes níveis de ensino (pré-escolar, ensino básico e secundário)”, destaca a pesquisa.

O Perfil do Docente de Portugal indica que os professores com menos de 30 anos são uma exceção em Portugal, representando apenas 1,7% dos educadores no 3º ciclo (7º ao 9º ano) do Ensino Básico e no Ensino Secundário e 3,1% no Ensino Pré-Escolar. Quando considerado apenas o 2º ciclo (do 1º ao 4º ano) do Ensino Básico, a porcentagem de professores com mais de 50 anos é de 57,2%.

Em 2020, para cada professor com menos de 30 anos nos ensinos básico e secundário português havia 28 com mais de 50 anos. A média é muito superior à registrada pela União Europeia, onde a proporção no mesmo ano era de um para cinco, respectivamente.

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