Jornalista
Entregadores de comida do Deliveroo, JustEat e do UberEats foram os principais alvos de uma operação policial que prendeu 60 trabalhadores na região de Londres, capital britânica.Os detidos não possuíam autorização de trabalho no país inglês e, alguns deles, também carregavam documentos falsos. Embora as informações sobre as prisões só tenham sido divulgadas nesta segunda-feira (24), a operação foi realizada entre os dias 16 e 21 deste mês.
Os brasileiros lideraram o número de detidos, seguidos dos indianos e dos argelinos, segundo divulgou o Home Office, nome original do órgão que também é responsável pelas políticas migratórias no Reino Unido. Procurado pelo Agora Europa, o governo britânico ainda não divulgou o número exato de detidos por nacionalidade.
Durante seis dias, o governo britânico enviou oficiais para locais de grande concentração de entregadores em diversas regiões londrinas. Os pontos foram mapeados pelo serviço de inteligência do Ministério do Interior, que também contou com agentes policiais para realizar as prisões nos locais monitorados.
Dentre todos os trabalhadores detidos, 44 estavam em condição irregular de residência no país. Outros 16 foram liberados após o pagamento de fiança.
O método utilizado na operação da última semana está longe de ser novidade para os entregadores de comida por aplicativo no Reino Unido. Em outubro do ano passado, a brasileira Danielle Guimaraes também foi detida exercendo a atividade sem a permissão na capital inglesa.
A biomédica afirma que após ser enviada para uma unidade policial, foi encaminhada para um centro de detenção onde aguardou a viagem de retorno ao Brasil: “No momento (da detenção), fui algemada. Passei um dia em uma cela solitária. Coletaram digitais, DNA, tiraram fotos. Achei muito humilhante, muito desesperador! (…) Após esse momento, quando fui para a detenção da Imigração, eu fui muito bem tratada”, relatou a brasileira ao Agora Europa.
Danielle permaneceu detida por 22 dias antes de voltar ao país de origem. A brasileira fez um acordo de retorno voluntário com o governo britânico, na qual se comprometeu a pagar a passagem aérea de retorno ao Brasil dentro de 30 dias após a data da viagem.
Embora seja dever do trabalhador assegurar que possui todos os documentos necessários para exercer atividades profissionais no solo inglês, o Governo britânico também ressalta que os empregadores têm a responsabilidade de garantir que os trabalhadores estão regularizados: “Os empregadores podem ser presos por 5 anos e podem pagar uma multa ilimitada se forem considerados culpados de empregar alguém que conheciam ou tinham ‘motivos razoáveis para acreditar’ que não tinha o direito de trabalhar no Reino Unido”, reforça o Ministério do Interior.
Procurados pelo Agora Europa, a assessoria de imprensa do Home Office ainda não detalhou as próximas etapas para a serem aplicadas aos detidos no país. Também não foi informado se as empresas de aplicativo também serão responsabilizadas pelo emprego de trabalhadores não regularizados.
Entre janeiro e setembro do ano passado, 3,5 mil imigrantes foram forçados a deixar o Reino Unido. O número é 51% menor do que o registrado no período anterior à pandemia, quando 7,2 mil pessoas tiveram de deixar o território britânico.
Buscas nas residências dos detidos
Após as prisões, os agentes do Ministério do Interior do Reino Unido também realizaram buscas nas residências dos trabalhadores detidos. Ao todo, foram localizados 4,5 mil libras em espécie, uma réplica de arma de fogo e “outras armas”, confirmou o Home Office.