Canal da Mancha: Reino Unido confirma mortes de migrantes após naufrágio

O governo britânico confirmou, na tarde desta quarta-feira (14), a morte de, pelo menos, quatro migrantes após um naufrágio no Canal da Mancha. Além das vítimas fatais, dezenas de pessoas foram resgatadas do mar com ferimentos, de acordo com as autoridades do Reino Unido. 

”Estes são os dias em que tememos que cruzar o canal seja um esforço indigno e letalmente perigoso. É por esta razão, acima de tudo, que estamos trabalhando tanto para destruir o modelo de negócio dos contrabandistas de pessoas, criminosos organizados perversos, que tratam os seres humanos como carga”, afirmou a secretária de Estado para os Assuntos Internos, a conservadora britânica Suella Braverman. 

Ainda não foram informados mais detalhes sobre a nacionalidade das vítimas que estavam na embarcação. A associação Refugee Action, que atua em defesa da população imigrante no Reino Unido, lamentou a tragédia: “Mais mortes no Canal são uma perda insuportavelmente triste. Nossos pensamentos estão com seus entes queridos”, declarou a entidade.

A associação Care4Calais, que atua na região do Canal da Mancha, também expressou tristeza pela morte das vítimas: “Não há palavras para expressar nosso horror e pesar pela tragédia de hoje. Um ano depois de 32 pessoas perderem suas vidas no Canal, nosso governo não fez nada para evitar mais mortes”, ressaltou.

Novo plano de reforço no combate à imigração

O incidente no Canal da Mancha, que liga a Grã-Bretanha ao território francês, acontece um dia após o anúncio de um novo pacote de medidas que visa combater a imigração irregular no Reino Unido, detalhado pelo primeiro Ministro Rishi Sunak na terça-feira (13). Segundo o plano, será reforçado o controle nas fronteiras, com a contratação de 200 novos servidores.

O projeto ainda prevê a transferência de cerca de 10 mil refugiados de ”acomodações caras” para ”locais de baixo custo”, além do aumento no quadro de assistentes sociais que trabalham nos processos pendentes e a simplificação ”radical” do processo de asilo. O objetivo é responder às solicitações em andamento até o final do ano que vem.  

”Não é cruel ou indelicado querer quebrar o reduto das gangues criminosas que comercializam a miséria humana e que exploram nosso sistema e nossas leis”, declarou Sunak. Apesar do reforço da lei de imigração a partir de 2023, que prevê a detenção e deportação de imigrantes que chegam ao Reino Unido através de trajetos considerados ilegais, o governo garantiu que vai criar ”rotais legais e mais seguras”, com o número de pedidos anuais de asilo estabelecido previamente pelo Parlamento. 

Nesta quarta-feira (14), a associação “Safe Passage”, que também atua no apoio aos migrantes que chegam ao Reino Unido, declarou que “nada do que o primeiro-ministro anunciou ontem teria impedido que esse terrível incidente acontecesse”.

Além das medidas propostas, o governo da França e o do Reino Unido formalizaram um acordo, em novembro, para combater as travessias no Canal da Mancha. Nos próximos meses, haverá um reforço de 40% nas fiscalizações.

Para o Alto Comissariado Das Nações Unidas para Refugiados (UNHCR, sigla em inglês), ”limitar o acesso ao asilo para aqueles que que chegam por ‘rotas legais e seguras’ vai contra os princípios básicos de solidariedade internacional”. Após o anúncio sobre o reforço do controle migratório, a UNHCR apelou para que o Reino Unido cumpra suas ”obrigações legais internacionais”, observando a necessidade de avaliar os casos individualmente, incluindo o direito de recurso.

Conforme dados divulgados pelo Ministério do Interior, ao menos 450 mil refugiados foram acolhidos no território desde 2015. O número, no entanto, só inclui os migrantes que chegaram ao Reino Unido através de ”rotas legais e seguras”, reforça o governo.

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