Dublin, Irlanda.
As eleições italianas terminaram com o partido de extrema direita Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália, em tradução livre), representado por Giorgia Meloni, como o principal vencedor nas urnas. A sigla recebeu 26% dos votos e, junto à uma coalização de centro-direita, vai comandar a Câmara e o Senado. A votação ocorreu nesse domingo (25) e, no início da tarde desta segunda-feira (26), a quase totalidade dos votos já havia sido computada.
Na Itália, o voto não é obrigatório e, neste ano, os números mostram que o comparecimento às urnas foi quase dez pontos percentuais menor do que nas eleições de 2018, quando cerca de 73% dos eleitores aptos votaram. Em 2022, das quase 51 milhões de pessoas que podem votar, a participação foi de 63,9%. Esse foi o recorde negativo de votantes nesse tipo de eleição, segundo dados do Ministério do Interior italiano. Em um pronunciamento realizado na noite de ontem (25), Meloni avaliou que a queda no número mostra a necessidade de fazer com que as pessoas “voltem a acreditar nas instituições”.
Além do Fratelli d’Italia, a aliança de centro-direita conta com o Liga Nord, do ex-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini, com 8,9% dos votos, e com o partido conservador Forza Italia (Força Itália) de Silvio Berlusconi, somando 8,3%, além do Noi Moderati (Nós moderados), com 0.9%. Em conjunto, a coligação recebeu 44% dos votos no Senado e 43,8% na Câmara de Deputados.
A coligação de centro-esquerda, comandada pelo Partito Democratico (Partido Democrático) que é liderado por Enrico Letta, se uniu a siglas centristas, de esquerda e ambientalistas, e recebeu o total de 26% dos votos. Já o Movimento 5 Stelle (5 Estrelas), liderado pelo ex-primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte, terminou em terceiro colocado com 15% dos votos. O partido perdeu o maior número de votos no comparativo com a eleição de 2018, quando venceu o pleito com 32,7% do eleitorado. A retirada de apoio do Movimento 5 Stelle ao primeiro-ministro Mario Draghi, levando à sua renúncia, ocasionou a realização de um novo pleito neste ano.
Com a consolidação dos resultados das eleições-gerais para o Parlamento, um novo primeiro-ministro será indicado pelo presidente italiano, Sergio Mattarella, para liderar o país. Devido à vitória nas urnas, tudo indica que o cargo será assumido por Giorgia Meloni. Assim que o presidente fizer a indicação, o nome deverá ser aceito pelo Congresso, por meio do chamado “Voto de Confiança”. Na prática, o novo primeiro-ministro precisa ser aceito pela maioria dos novos parlamentares eleitos.
Repercussão internacional à vitória de Meloni
Logo após o fechamento das urnas, às onze horas na noite de domingo na Itália, Giorgia Meloni realizou um pronunciamento celebrando os indicativos de vitória após a divulgação de pesquisas de boca de urna. Em um discurso que enfatizou o nacionalismo, a política italiana destacou que o Fratelli d’Italia se propôs como força política para que “os italianos pudessem se orgulhar novamente”. Meloni também buscou passar uma mensagem de união: “é importante entender que, se somos chamados a governar esta nação, o faremos por todos”, disse.
O resultado oficial foi divulgado na tarde desta segunda-feira (26). Após a confirmação, o partido Fratelli d’Italia celebrou a vitória com um post nas redes sociais dizendo: “Sconfitta la sinistra. Liberi! (Derrota à esquerda. Livres!)”. Entre as principais bandeiras defendidas pela líder de extrema direita, estão o combate à imigração clandestina e ao recebimento de refugiados, à rejeição às pautas LGBT, além da defesa dos “valores da família” e da soberania nacional italiana frente à autoridade europeia.
O principal oponente de Meloni, Enrico Letta, do Partito Democratico (PD), se pronunciou no início da tarde avaliando a data como “um dia triste para a Itália, para a Europa”. O líder da aliança de centro-esquerda afirmou que, como segundo maior partido do país, o PD fará uma “oposição dura e intransigente”: “não permitiremos que a Itália se desprenda dos valores europeus e, sobretudo, não permitiremos que a Itália se desapegue dos valores da Constituição”, defendeu Letta.
A vitória do partido de Meloni foi celebrada por líderes europeus de direita e extrema direita, como da candidata derrotada às eleições francesas, Marine Le Pen, e do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. Muitos líderes europeus, porém, não se manifestaram publicamente sobre as eleições até o momento.