Madri: Universidade promete expulsar alunos de residência estudantil após gritos machistas contra jovens



Gritos foram proferidos do prédio de uma residência universitária em Madri. Foto: Reprodução

“Inexplicável, injustificável, nojento. Vamos dar uma resposta unitária e comum para rejeitar o comportamento sexista”. Assim definiu o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, sobre o caso de universitários que proferiram cânticos machistas contra um grupo de alunas em Madri.

As ofensas foram gravadas em vídeo, que resultou em uma grande repercussão na Espanha. O episódio aconteceu em uma residência universitária masculina, localizada em frente a outra casa estudantil exclusiva para meninas. “Put*, saiam de suas tocas como coelhos, vocês são put* ninfomaníacas. Prometo que vão f* todas na capa. Vamos Ahuja!”, gritaram os jovens.

A direção da residência Mayor Elías Ahúja confirma que os estudantes envolvidos podem ser expulsos, conforme ordena o regimento interno da instituição. Os outros universitários que participaram da manifestação estão sob investigação para definição de qual sanção será aplicada.

A direção também já confirma que os alunos serão obrigados a participar de cursos de sensibilização para igualdade de gênero e a realização de atividades voluntárias. De acordo com o Colegio Mayor Elías Ahúja, as atitudes dos estudantes são “incompreensíveis e inadmissíveis na sociedade, tanto na forma como na substância”.

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A Universidade de Complutense, ligada ao Colegio Mayor Elías Ahúja, também investiga o caso e critica os comportamentos dos jovens:  “Abrimos uma sindicância para analisar o que aconteceu no #CMElíasAhuja e trabalharemos com as outras universidades para aplicar sanções aos alunos envolvidos. Nossa total rejeição. Essas ações não têm lugar na sociedade, e muito menos, na Universidade”, afirmou. A residência onde moram as alunas atacadas não se pronunciou sobre o caso.

Educação sexual

A Ministra da Igualdade espanhola, Irene Montero, também emitiu declarações sobre o episódio: “Educação sexual é o que os alunos desta Residência precisam. Chega de machismo”, disse a secretária, que é criadora de diversas políticas de igualdade de gênero na Espanha.

Da mesma forma, a secretária de estado para Igualdade, Ángela Rodríguez, também defendeu a educação sexual como arma para combater esse tipo de violência: “Talvez a educação sexual os tivesse avisado de que “vamos abusar” é uma ameaça que faz parte desse terror sexual que coloca as mulheres como objetos sexuais. Outra cultura sexual é possível, necessária e aprendida, uma cultura de prazer e respeito, uma cultura feminista”, explicou, divulgando no Twitter o vídeo gravado durante as agressões verbais. 

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Para o coletivo feminista 8M de Jaén, não se trata de um caso isolado: “São manifestações muito, muito preocupantes da ascensão do machismo e de toda a sua horrível violência em nossa sociedade”. A Espanha tem sido pioneira em políticas públicas relacionadas com a violência de gênero e as mulheres.

Em meio à uma alta de feminicídios, o governo passou a divulgar as estatísticas de assassinatos de mulheres fora do contexto de relações conjugais, como os cometidos por familiares. Também foi aprovada uma lei que facilita a comprovação de casos de estupro, uma vez que todas as condutas sexuais sem consentimento passam a ser equivalentes ao crime de agressão sexual.

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