Madri, Espanha.
A partir do primeiro trimestre de 2022, Madri vai contar com um centro integral 24 horas para atender as mulheres vítimas de violência sexual. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (25) pela presidente da Comunidade de Madri, Isabel Días Ayuso, no Dia Internacional de Eliminação da Violência contra a Mulher. O novo local vai prestar atendimento psicológico, jurídico e social não só às vítimas de violência sexual, mas também aos familiares. O investimento do governo regional é de 1,7 milhões de euros.
Ayuso também anunciou que haverá um novo protocolo de atendimento urgente e coordenado para atender as vítimas em 25 hospitais públicos da região. Segundo a presidente, ainda hoje “muitas meninas são tratadas como objetos, entregues a situações irreais que as obrigam a competir por uma visão de si mesmas que não existe e de esta maneira passam a estar submetidas ao gosto dos outros, de pessoas que não conhecem”.
A líder madrilenha ainda discursou em solidariedade às mulheres: “Temos que aprender a não precisar de aprovação externa, a competir com nós mesmas, a sermos melhores a cada dia e não esperar que alguém, que não sabemos quem é, nos diga se valemos ou não”, completou Ayuso.
Campanha “Abra os olhos”
A Comunidade de Madri também lançou nesta quinta-feira (25), uma campanha de sensibilização dirigida a adolescentes e familiares, com o objetivo de detectar comportamentos considerados inaceitáveis em relações saudáveis e igualitárias. Com o slogan “Abra os olhos”, a campanha destaca que determinadas atitudes não podem ser aceitas, como o controle de mensagens de celular e de publicações nas redes sociais, impedimento de sair com amigos ou se vestir como quiser.
Essa identificação precoce dos comportamentos de risco também é a base do trabalho realizado pela Unidade de Atenção Psicológica ao Adolescente do programa “Não se corte”. Os profissionais de saúde desta unidade, que atenderam um total de 144 casos nos primeiros 10 meses deste ano, enfocam situações de abuso que não costumam começar com agressões físicas, mas com comportamentos dominadores e abusivos que muitas vezes as adolescentes não identificam como violência de gênero.
Além disso, dentro da rede regional de Atenção Integral à Violência de Gênero, existem quatro centros residenciais específicos para mulheres, entre 18 e 25 anos, provenientes de ambientes familiares onde foram vítimas ou testemunhas de abusos físicos, sexuais ou psicológicos praticados por um familiar ou pessoa mais próxima. Os abrigos, com um total de 50 vagas, proporcionam às usuárias acomodação temporária e tratamento nas esferas psicológica, educacional, sócio-trabalhista e jurídica, que favorecem sua autonomia. Somente neste ano, os receberam 69 jovens, vítimas de violência de gênero.
Centro de acolhida para mulheres sem teto
As mulheres em situação de rua ou vítimas de violência de gênero, também passam a contar, a partir desta quinta-feira (25), com um novo centro de acolhida em Madri, intitulado Beatriz Galindo. O espaço foi inaugurado pela vice-prefeita da capital espanhola, Begoña Villacís.
O centro conta com 30 vagas fixas, sendo cinco destinadas para casos de urgência, 60 vagas para acolhida de um dia e 15 reservadas para transferência de mulheres vindas de pensões e que conquistaram autonomia em decorrência do processo de assistência social. O novo espaço está distribuído em apartamentos independentes em um prédio municipal recém-construído no bairro de Hortaleza, cujo endereço não será divulgado para proteção às vítimas.
Segundo a vice-prefeita, o Centro Beatriz Gallindo mostra o “padrão de qualidade que a Prefeitura de Madri tem proposto para o atendimento aos sem-teto, a dignidade que procuramos no atendimento a este público”. Com um modelo de atendimento inovador, o Centro se diferencia dos demais abrigos tradicionais na rede municipal, segundo Begoña.
