
Madri, Espanha.
O álcool já é a droga mais consumida pela população espanhola em todas as idades e representa um fator de risco para o surgimento de doenças e para o aumento da mortalidade. Somente na faixa etária entre 14 e 18 anos, oito de cada 10 estudantes já consomem bebida alcóolica.
Esses são alguns dos dados revelados pelo primeiro estudo intitulado “Monografia do Álcool do Observatório Espanhol de Drogas e Vícios”, divulgado nesta segunda-feira (15), na Espanha. O documento, elaborado pela Delegação do Governo para o Plano Nacional sobre Drogas, reúne diversos relatórios sobre o consumo de álcool e contém dados coletados em todo o país.
De acordo com o questionário que ouviu alunos do ensino médio, entre 14 e 18 anos, 75,9% do total de entrevistados admitiram ter bebido álcool nos últimos 12 meses (2019). Destes, 58,5% consumiram o produto no último mês. A pesquisa ainda indica que o uso desde cedo tem levado a um aumento nos casos de consumo excessivo da bebida. No grupo de menores, de 14 a 17 anos, 47,1% dos meninos e 52,3% das meninas afirmaram já ter se embriagado e a maioria (94,9%) apontou que não teve dificuldades para comprar as bebidas.
Os resultados também demonstraram que entre 15 e 64 anos de idade, o consumo segue sendo alto. Do total de entrevistados, 93% das pessoas nesta faixa etária já consumiram álcool, o que converte essa substância psicoativa na mais consumida em todo o território. Já a quantidade consumida diminuiu a partir dos 64 anos, apesar da ingestão diária, especialmente, de vinho.
Álcool e direção
O consumo excessivo costuma estar associado, além dos efeitos diretos na fisiologia e no desenvolvimento neurológico da pessoa, a determinados comportamentos de risco, com exemplos citados na pesquisa. Somente em 2020, dos 597 motoristas que morreram em acidentes de trânsito, 31,2% estavam alcoolizados, segundo o documento.
Destes, 78,5% dos condutores apresentaram uma taxa de alcoolemia igual ou superior a 1,20 g/L e todos se encontravam na faixa etária entre 25 e 54 anos. Além disso, entre os jovens entrevistados pela pesquisa, 2,7% admitiram ter dirigido um veículo sob o efeito de álcool no último ano.
No mesmo questionário, 17,2% afirmaram ter viajado como passageiro em automóvel dirigido por alguém embriagado (20,5% das meninas e 17,2% dos meninos). Outro resultado é que 16,9% afirmam já terem se envolvido em brigas ou agressões e 30,6% já fizeram sexo sem preservativo quando estavam sob efeito de álcool.
Promoção de estratégias
Na Espanha, o consumo de bebidas alcoólicas, que pode causar dependência, é o quarto fator de risco para a perda de saúde no país, ocupando a segunda posição entre as mulheres e a quinta entre os homens. De acordo com a pesquisa, o uso excessivo entre os menores de idade é ainda mais preocupante, uma vez que são mais vulneráveis aos efeitos do produto. O álcool também é responsável pelo maior número de emergências e internações hospitalares no território espanhol, ultrapassando a quantidade de pessoas que buscam tratamento para uso de cocaína, cannabis ou heroína.
O estudo concluiu que “a ingestão exagerada de álcool representa um importante problema de saúde pública na Espanha, sobre o qual é necessário intensificar as iniciativas, planos e programas de prevenção e atenção”. Os resultados marcam a passagem do “Dia Mundial sem Álcool”, celebrado anualmente em 15 de novembro, com o objetivo de conscientizar a população sobre a necessidade de adotar medidas que reduzam o uso abusivo de bebidas e os riscos causados à saúde.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano, cerca de 3,3 milhões de pessoas morrem devido ao consumo de álcool. A organização cita como transtornos físicos e mentais causados pela bebida, a dificuldade de memória, irritabilidade, doenças cardíacas e hepáticas, câncer de mama, boca, garganta e fígado, entre outras.