Clubes da Espanha se unem em dia de prisões por racismo contra brasileiro Vini Jr.

No centro do gramado do estádio José Zorrilla, jogadores do Barcelona e do time local, Real Valladolid, seguram uma faixa com os dizeres: “Racistas, fora do futebol”. Quase 350 quilômetros dali, a cena se repetiu na partida entre Real Sociedad e Almería. As manifestações fazem parte de uma campanha da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) em resposta aos atos racistas proferidos contra o brasileiro Vinícius Júnior na última rodada da La Liga, no domingo (21).

Logo após o jogo, o ponta-esquerda do Real Madrid fez uma postagem nas redes sociais enfatizando que essa “não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é normal na La Liga”, escreveu Vini Jr. Ontem (22), o jogador publicou um vídeo compilando diversos atos de racismo em diferentes datas e cidades espanholas durante jogos realizados no ano passado e neste ano.

Se, por um lado, a resposta da RFEF é levantar faixas; por outro, as autoridades espanholas mobilizam forças de segurança em busca de responsáveis pelos crimes cometidos contra o ponta-esquerda do Real Madrid. Nesta terça-feira (23), três suspeitos foram detidos pela Polícia Nacional na cidade de Valência e arredores. Os torcedores vão responder por crime de ódio.

As buscas contaram com a colaboração do Valencia Football Club para a identificação dos suspeitos de proferir ofensas racistas contra Vini Jr. na partida de domingo. As investigações, no entanto, estão longe de chegar ao fim, afirma a Polícia Nacional, que segue tentando identificar mais autores com atitudes semelhantes.

“Foi assim que realizamos a prisão de três jovens em #Valencia como supostos autores de um #Crimedeódio por comportamento racista contra @vinijr. Os eventos aconteceram no último domingo na partida de #futebol entre #ValenciaCF e #RealMadrid”, descreve a polícia espanhola em publicação nas redes sociais.

Governo espanhol se pronuncia sobre atos racistas contra jogador brasileiro

Nessa segunda (22), o presidente do Governo da Espanha usou as redes sociais para condenar os ataques sofridos por Vini Jr. na partida do último domingo. Pedro Sánchez afirmou que é preciso ter “tolerância zero com o racismo no futebol” e que “o ódio e a xenofobia não devem ter lugar no nosso futebol nem na nossa sociedade.”

O Conselho Superior de Esportes espanhol também afirmou que “a xenofobia manifestada por alguns energúmenos nos envergonha como sociedade e como esporte”. O órgão, que integra o Ministério da Cultura e Esportes, ressaltou que irá propor à RFEF uma campanha de conscientização que também inclua os clubes espanhóis.

Relembre o caso

Valência e Real Madrid se enfrentavam pela 35ª rodada da La Liga, no último domingo, quando manifestações racistas, como gritos de “macaco”, partiram da torcida local, tendo o jogador Vinícius Júnior como alvo. Revoltado, o brasileiro discutiu com alguns torcedores adversários e foi também confrontado pelos jogadores do Valência.

Durante a interrupção temporária do jogo, Vinícius foi fortemente imobilizado pelo pescoço por um dos adversários. O brasileiro então rebateu com um movimento que atingiu o rosto do jogador do Valência. Ao consultar as imagens com a ajuda do VAR, o juiz da partida decidiu expulsar o brasileiro.

A seleção das imagens do lance pelo VAR, que deixaram de fora a agressão sofrida por Vini Jr., levaram o árbitro de vídeo da partida, Ignacio Iglesias Villanueva, a ser retirado das próximas rodadas da liga espanhola. Por enquanto, o nome do membro da comissão de arbitragem ainda não consta nas partidas que ainda restam do campeonato espanhol.

Na súmula atualizada, consta “o seguinte: Insultos racistas: Ao minuto 73, um espectador da arquibancada sul ‘Mario Kempes’ dirigiu-se ao jogador nº 20 do Real Madrid C.F. Don Vinicius José De Oliveira Do Nascimiento gritando com ele: ‘Macaco, macaco’ para o qual o protocolo de racismo foi acionado, notificando o delegado de campo para fazer o anúncio correspondente pelo sistema de som.

A partida foi interrompida até que o referido anúncio fosse veiculado pelo sistema de som do estádio 3. Nesse momento, Vinicius apontou para um/vários espectadores na arquibancada Mario Kempes, indicando: ‘ele me chamou de macaco’ e fazendo gestos com as mãos imitando um macaco.”

Valência é punido pelos cânticos racistas

A RFEF determinou hoje o fechamento da arquibancada sul do Estádio Mario Kempes, casa do Valência. A pena é de cinco partidas: “Considera-se comprovado que, conforme refletido pelo árbitro em sua ata, houve gritos racistas dirigidos a Vinícius, jogador do Real Madrid CF, durante a referida partida, alterando o andamento normal da partida e considerando as infrações gravíssimas”, relata a Federação.

Além disso, o Valência também terá de pagar uma multa de 45 mil euros pelos atos racistas proferidos contra Vinícius Júnior. A equipe pode recorrer da decisão em até 10 dias.

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